LUME DE UM GUME
de Sebastião Resende
No projecto “Lume de um Gume”, apresento um grupo de fotografias captadas na antiga fábrica de facas Franzina, na Azaruja, empreendimento familiar inesperado no Alentejo mas enquadrado na expansão da actividade corticeira de 1910. É um espaço que, embora esquecido da dimensão que em tempos chegou a ter, ainda ressoa na história e na memória da comunidade local.
Esta projecção de fotografias combina a documentação da realidade material existente, explorando ainda a possibilidade de um ensaio / interpretação visual que mergulha na complexidade abandonada do lugar. Tenta uma visão poética nessa dualidade. Luzes e sombras, vida e morte, melancolia e perda.
Estruturas desgastadas, fascínio e desolação num sítio que um dia foi pulsante de actividade. Agora é a decadência de um espaço fabril fechado, narrativa de passagem e transformação.
As fotografias de pendor mais documental em “Lume de um Gume”, revelam o lugar físico do trabalho e os seus equipamentos de produção, lentamente abraçados pelo pó; as outras fotografias, e os seus detalhes em sentido mais aberto, apelam às memórias que habitam cada canto, e aos impulsos que a posteriori podemos acrescentar. Histórias que ecoam pelas máquinas, ferramentas, peças e paredes, agora silenciadas.
Lugar de aspirações, sonhos, dores, paixões…
Graça do Divor
7. Setembro. 2025